A imigração de boêmios para Viena foi um fenômeno massivo que merece ser estudado. Para se ter uma ideia, em 1856, 44% da população de Viena havia nascido na própria cidade, mas 22,5% havia nascido na Boêmia. Até a virada do século, o número de boêmios já era de 25% da cidade. Ou seja, um contigente dos mais significativos.

(https://www.geschichtewiki.wien.gv.at/Bev%C3%B6lkerungsgeschichte )

Através das memórias do imigrante Josef Umann, que foi um desses boêmios que se mudou para Viena, tem-se uma melhor ideia das razões para empreender essa mudança.

Ao que parece, muitos recrutadores apareciam no interior do império austríaco a fim de recrutar jovens aprendizes para exercer em Viena atividades que os próprios vienenses já não toleravam. Umann pinta um cenário dos mais pavorosos em relação às condições de trabalho para um aprendiz em Viena naquela época.

Até por isso, muita gente não aguentava e, se não morria, acabava retornando à Boêmia. Foi o que fez o Umann, foi o que fez também o Josef Zipperer, outro memoralista que por duas vezes tentou se estabelecer em Viena, por fim retornando à Boêmia e depois imigrando ao Brasil.

Alguns, é claro, permaneciam, alguns tinham a sorte de encontrar mestres mais generosos, o que não significa que tivessem grande possibilidade de ascensão social por lá. E então alguns deles decidiam se mudar outra vez, como foi o caso do imigrante Frederico Fendrich, um boêmio que deixou Viena, com seus 700 mil habitantes, para se estabelecer, literalmente, no meio do mato em Santa Catarina.